Nenhum romantismo em nosso primeiro esbarro. Era necessário que a exploração do corpo sem culpa e sem limites comandasse o momento: saber do que ela era capaz, o que tinha a oferecer: Mãos por lá e cá, olhares soltos por todas as partes, como se ninguém olhasse; ninguém ali.
A textura, a firmeza de cada setor da anatomia, a termodinâmica, o odor. Como animais. A frieza de um pintor cubista - suponho.
Tudo gerando o desfecho que embocaria noutro começo: eu a levaria para casa, ela seria minha e eu, seu dono - como era no princípio.
Se nos completamos? De certa forma, ela foi projetada pra mim; se adequa ao meu egoísmo, que, contudo, quase nunca me faz deixá-la, em minhas "saídas de homem". É o oposto: nos acompanhamos nas subidas e declives. E, claro, em dormidas já incontáveis, quando após os momentos mais intensos, sinto que ela tambem repousa protegida e realizada sob o meu abraço calmo.
Ao completar quase dois anos de reciprocidade, me pego lembrando em nosso primeiro e desinibido encontro, me parecia claramente que ela e eu teríamos apenas uma historinha descartável de férias em fim de ano. Era véspera de viagem.
Como disse o poeta, tentar prever serviu pra eu me enganar: eis-nos hoje ainda indivisos. Minha Mochila e eu.