Ando escrevendo pouco, lendo muito e pensando demais.
Ando com medo de tudo, vergonha do que falo e receio do que quero.
Ando deslizando em cimento, sentando no molhado e deitando no sofá.
Ando pra frente, mas quase parando.
Quero andar.
Continuar andando, um dia eu pego o passo, eu acerto o compasso, eu faço, eu faço.
Ando que nem tartaruga, querendo ir pro mar.
Ando que nem passarinho, a ciscar.
Ando até como caranguejo, que mesmo pra trás consegue chegar.
Pra trás não, pro lado, que é onde consegue enxergar.
Ando pra frente, mas quase parando.
Quero andar.
Continuar andando, um dia eu pego o passo, eu acerto o compasso, eu faço, eu faço.
Ando a um centímetro do chão.
Ando pisando no pão, que o diabo não amassou, mas fez menção.
Ando de pés descalços, no calço quente de 40 graus.
Ando até para cima, sem olhar pros pés, com o rosto na mão.
E a outra mão procurando tatear as coisas que sinto.
E a mão sem saber andar.
E a mão calejando nos passos.
Querendo acertar o compasso, que um dia pega o passo, me dizendo:
Eu faço, eu faço.