A angústia de não existir
No mundo do qual não posso partir
O que de tão real chego a ouvir
Mas que de fato não posso sentir
Volta diariamente a abrir
A ferida que já é parte de mim.
A dor que se tornou comum
Sei que um inspirar mais lento controla
Enquanto ameniza uma distração de outrora
O sufocar de uma vontade eterna
Na ciência da desesperança.
Sensação esta de minh’alma
Que de abatida se fez de vez silenciada
E já não se atenta mais para a jornada
Que ainda longa espera minha caminhada.
Mas...
Não consigo seguir
Fechada a janela
Os novos ventos não me alcançam
Não consigo abrir
E assim as vozes da lembrança
Mais uma vez no abismo me lançam
Na escuridão, na solidão e no silêncio.
Do Vazio que de mim vai além
E faz do meu coração
o que hoje sabe bem:
Ser Habitação de Ninguém.