Dizer que sou isso
Que sou aquilo...
Não sou obrigado à escolhas exclusivas
Só me importam as decisivas e olhe lá
Me decifrar é engodo gordo
Por isso nem me coloquem nos seus
Quadros e quadrados perfeitos
Em seus protótipos de estereótipos
Nas suas esculturas de culpa
Em seus planos rasos
Nas suas planícies na primavera
Em seus lençóis amassados
Nas suas rugas esticadas
Em seus cálculos do coração
Ou suas tabelas grifadas
Chega! Não sou seu... nem sua!
Não me enlouqueça com suas desigualdades exatas e maçantes
Com suas leis marciais, processos normais
Alta moralidade e baixa sociedade
Sexos narcisistas, coitos rompidos
Pertences preciosos e odes ociosos
Rimas ricas, cretinice previsível
Vida morna e morte congelante
Comigo não! Eu quero e sou mais
Não sou do seu mundo
E nem das suas coisas
E entre ser e não ser
Pode crer que não sou
E nunca serei limites
E para todas as suas classificações
Jamais caberá o desclassificado que sou
E tenho dito: SOU UM DESCLASSIFICADO!
