O véu negro da noite cobre a terra
Os motores roncando, pelo asfalto
Vem a chuva, unindo nuvem e serra
E o relâmpago riscando a cor do alto
Eu, sozinho, em sintonia
Com Deus, Pai da Poesia
Escutando tais ruídos
Me confundo e me perco em meus alentos
Percebendo milhões de pensamentos
Entoando canções, nos meus ouvidos
Vozes, risos e gotículas
Brisa, músicas e motores
Cheiro de mar, de silvículas
Hálitos, colônia e flores
Violões, baterias, sino e gritos
Nas descargas, relógios e benditos
Que se perdem, nos vãos do pensamento
E a noite negra recua
Pra mostrar a branca lua
A brilhar, no firmamento
Nada disso é perfeito ou imperfeito
Não é curva, parábola ou linha reta
Não é luz, nem é sombra ou meia-luz
São as frases, sem nexo, que dispus
Oriundas da mente de um poeta