I
Debaixo do pé de juá
no meio do sertão unionense
vou escrevendo versos livres
sem regras e sem capricho!
Não sei se isso é poesia,
mas tento mostrar a sintonia
entre as palavras, que parecem
ter magia...
Como é bom o ar tão puro que aqui respiro!
O som dos pássaros, fora de perigo
cantam a liberdade aos meus ouvidos
e isso só me inspira a escrever mais
pois p’ra mim já tanto faz...
é preciso alguém estar no meu lugar
para sentir toda essa energia...
o som da natureza!
Livre da cidade
eu escuto a beleza
a mais pura riqueza
que são estes matagais!
II
Carambolos se rastejam sobre as árvores
as cobras que acho repugnantes
não mexo com elas, para que elas também
não mexam comigo...
respeito, portanto, a natureza.
No pé de limão vejo um ninho de rolinha,
aqui no sertão os caboclos a chamam de “fogo-pagou”,
expressa no seu próprio cântico:
─ fogo-pagou, fogo-pagou, fogo-pagou...
Tem até a bela casinha do João-de-barro
pra botar inveja a qualquer engenheiro
ou arquiteto que se dizem “doutor”.
O gado come o pasto seco,
já não é mais só o capim amarelado,
tem até maliça com seus espinhos
enroladas no próprio capim
para que o gado não coma
e assim morra de fome.
III
Crianças amontoadas em jumentos,
éguas e cavalos
cavalgando pelos matos
deste imenso cerrado, de clima quente...
aqui o sol é escaldante!
E em nenhum instante
o vento aqui para de soprar.
E o que vejo sempre verde independente de estação
são estes mandacarus ou
cactos-do-cerrado-caatinga.
E o que pode ser mais bonito
do que os carnaubais
e os bem-te-vis cantando?
IV
Ah, já não tenho mais nostalgia
porque aqui só vejo alegria
que são as belas paisagens à vista!
Na Semana Santa, não tem explicação...
as quebradeiras de coco são a solução
para fazer o beiju da mandioca
com os pedaços de coco do babaçu.
Sinta o vento, sinta o tempo,
sem nostalgia, sem rebeldia...
ouça o som dos meus versos,
a natureza traduzida em poesia!
