O passar das horas me acompanha na noite profunda.
O silêncio é quebrado decididamente por quem não me escuta.
Os pensamentos se desencontram confusos na noite quente.
E depois se encontram sem arte, sem nada decididamente meu.
Estes pensamentos são filhos da noite.
O sol nasce e eles não mais existem
Como se fugissem para um lugar distante.
Mas eles não tem algum significado.
Pura metafísica!
Um barulho sempre me espanta.
Olho para a janela meio estarrecido.
É sempre o vento que não sabe
que minha alma anda meio perdida.
Ando pela casa como que a procura de matéria própria.
Não encontro e volto a sala.
As horas não param,
Mas para mim isso tudo não faz sentido.
Não grito porque meu peito é tímido
E minha dor é suportável.
Nem sei de fato se isso tudo existe.
Talvez seja apenas ilusões irealizadas.
Vou até as estrelas.
Levanto e vou até a cozinha a procura de matéria insólita.
Não encontro.
Sento-me sobre a cadeira.
Converso com o eu da noite.
Sinto-me fútil e angustiado.
E todo o meu olhar se transforma em pensamentos.
E todo o meu pesar se transforma em nada.
O meu pesar não é nada.
Porque nada pesa.
De repente inquietei-me.
Barulho de animal lá fora.
Creio que ele também constrói suas idéias inimagináveis.
E ele briga para defendê-las,
Enquanto as minhas não tem significado.
Eu não procuro sossêgo.
Desejo uma noite eterna.
Ou pela menos que ela exista até onde os meus sonhos queiram.
Amanhã não quero viver o dia.
Quero esperar a noite.
Estar acordado quando os pensamentos voltarem dá sua longa viagem.
Amanhã não quero viver o dia.
Quero estar desacordado.
Não quero ter o desprazer de saber que não existo.
Luís Carlos