No quarto branco, com as cortinas balançando com o pouco vento que entrava com as flores sem vidas o tapete bagunçado e os pequenos raios de sol... Eu te observava tão calada, chorando baixinho, suas lágrimas desciam até molhar o travesseiro. O único ruído que eu ouvia era o seu soluço... E eu te olhava atenciosamente esperando a sua voz, sem saber o que eu iria ouvir, eu fechava os olhos e suspirava... E você continuava intacta, em contanto profundo com o travesseiro e o lençol branco de seda te cobrindo o corpo. Você se levantou e eu acompanhei seus pequenos passos até a cortina, com o ruído apenas dos seus pés e do seu roupão se arrastando até a cortina. Você as abriu e sol entrou... Você estava de costas, mas eu vi que enxugava as lágrimas e em relutância consigo mesma, lutava para não chorar novamente, suspirou e girou o corpo:- Sabe? (uma lagrima desceu do seu rosto) quando a gente ama uma pessoa de verdade você acaba aprendendo tantas coisas... Você virou as costas novamente e eu falei: “Quando a gente quer que uma pessoa fique a gente constrói até um castelo, lembras”? Eu sempre te citei essa frase do Caio Fernando de Abreu. “Você não construiu um castelo...” E continuou de costas para mim, eu suspirei e deixei que as lágrimas descessem uma a uma... Até tudo suavizar... Quando uma pessoa pede para partir não devemos insistir para que ela fique, é necessário ver quem se ama feliz...Mesmo que seja em outros braços, mesmo que esteja longe. E por mais que eu queira te segurar a força em meus braços, seus sentimentos por mim não eram mais os mesmo. E tudo em mim continuava tão vivo. Como eu pude deixar isso em você morrer? Será que eu estou aprendendo a dizer Adeus? E caminhei até onde você estava e em meios às lágrimas abri um sorriso e você riu também... Te beijei na testa, te abracei forte e falei: “Siga...” Você me olhou assustada, talvez esperava que eu te pedisse mais uma chance, mas eu não poderia atropelar as coisas... Eu a amo a ponto de deixá-la livre. Um abraço demorado e um Adeus não pronunciado. E os dias se passaram, e eu lembrava de você... “Ainda tem o seu perfume pela casa, ainda tem você na sala”... E um dia desses em que foi organizar nossa pequena estante de livros eu te encontrei nos versos de Vinicius na angústia de Caio toda grifada de rosa, com carinhas tristes e a inicial de teu nome... Joguei tudo no chão e uma pagina do livro do Caio Fernando de Abreu caiu aberta com a frase grifada: “Quando a gente quer que uma pessoa fique a gente constrói até um castelo”. Sentei no chão, peguei a caneta e comecei a escrever isso. Talvez você não sinta mas isso me doeu, e por várias vezes rabisquei e tentei controlar as lágrimas. Não é tão fácil escrever um conto sobre o que não se viveu e muito menos para quem tanto sente e pouco consegue colocar no papel
