Poesia

Fuga

Fujo
da sombra pavorosa do adeus
que acena no horizonte como breu
e borra a esperança de sujo

Ah, deus
Por que me deste a senha dos ateus?
e a cada vez que eu olho para o céu
não encontro a estrela guia em que ressurjo

E mujo
uma rouca insurgência enquanto existo
rude flecha ao desfecho do que assisto
procurando o infinito a que me urjo

Ah, Cristo,
Por que a salvação exige óbito?
Por que a vida eterna em outro âmbito?
Por que esse pedágio ali adiante?
Por que um falecer tão falecido?

Desisto
e fujo e reajo e rujo
eu sou poeta. Não serei ‘de cujos’


Pedro L R Pereira Pedro L R Pereira Autor
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