Poesia

Enquanto Tu Não Chegas

Enquanto tu não chegas,
Vou destilando meu amor:
Me consumindo em beijos de ator;
Me esvaindo em abraços sem calor;

Enquanto tu não chegas,
Sou um poço cheio de amargor,
Descontando em seja quem for,
Toda a minha ira e desamor!

Enquanto tu não chegas,
Existo por existir somente;
E tudo em mim é torpe e demente;
Tudo em mim é falso! Tudo mente!

Enquanto tu não chegas,
Tudo finda breve e de repente;
E fica sempre um vazio latente,
a me sufocar tão lentamente...

Enquanto tu não chegas,
Atiro-me cego em tantas camas
De corpo aberto e o peito em chamas
Fecho os olhos e finjo que chamas

Enquanto tu não chegas,
Vou errando, caindo em lamas!
E choro! E imagino se tu me amas;
E onde estarás que não me reclamas?

Enquanto tu não chegas,
A resignação me consumiu;
Me fez taciturno, cruel e vil;
E no coração o grande vazio!

Enquanto tu não chegas,
Vou esquecendo... nada existiu;
Nunca houve amor... somente estio;
Tudo foi apenas desejo pueril...

Enquanto tu não chegas,
Meu mundo dar voltas em vão;
Larguei meus sonhos pelo chão;
E para nada mais há salvação!

Enquanto tu não chegas,
Só me resta esperar-te então
E crê que, em alguma região,
Tu me tens guardado teu coração!

Franz Venn Nietzsche Franz Venn Nietzsche Autor
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