Os poemas que escrevo não é tudo que sinto,
Tomo-me com as dores dos outros e ao mesmo tempo finjo,
O fingimento é tanto que sinto a doer,
Pois só assim meus poemas consigo escrever.
Tive que me acostumar com esse tal fingimento,
Mesmo que doa essa dor de não ser minha,
Que chega e machuca a cada momento,
Só assim sinto essa dor que eu não tinha.
Algo que vem átona e a todo instante maltrata,
Que nas mãos do poeta chega e nunca se acaba,
Convivendo diretamente lado à lado com a farsa,
Cria-se um grande tudo em cima de um nada.
Ao tomar a dor de quem sofre por um instante,
Que só se acalma quando o poema termina,
Poeta que faz a dor ir adiante,
Ao escrever um novo poema a dor inicia.