I
Ela vagueia pelos becos sujos;
Dorme e sonha com seu lugar ao sol.
Mas não é fácil ser o que não pode;
E esse desejo segue dentro dela.
II
Ela é que nem artista louco, cujos
Delírios são motivos musicais.
E pelo chão se espoja e se sacode;
Nas poças de água se reflete bela.
III
O mundo não lhe deu maior encanto.
Entanto, tenta assim viver feliz,
Mesmo que não realize os sonhos seus.
IV
Sentada numa esquina, no seu canto,
Abrindo o verbo, forte e triste diz:
"Uma esmolinha, pelo amor de Deus!"