Cidade circundada pelos cabos
Do vale do rio longínquo
Potencial elétrico a dar nos nervos
Alugueis impagáveis que inflacionam
Em progressões aritméticas assimétricas
Times Square sertaneja do relógio
das eras que se passam
E passa menina
E passa a puta
E passa a mãe de família
Ah! Amnésia do que foi o passado
da badalada vida social
O santo e o profano em linhas paralelas
A sexta-feira que começa a noite
E que as vinte cinco horas não se acaba
O pederasta de branco com sua bengala
A arrotar verdades cabeludas nas mesas
Entre a rua e a praça fileiras
dos carros trottoir infundado
E passa menino
E passa o afeminado
E passa o homem da mãe de família
Oh! Concepções que mudam ao tilintar de moedas
Atores da conveniência
Bulevar do inferno que me viu
em tuas calçadas tantas vezes
És a testemunha imutável que
eu não me deixei contaminar
Pela hipocrisia do existir
(São João do Piaui, Junho de 2011)