Poesia

QUATROCENTOS E DEZENOVE


Eu não posso nem mais me dar o luxo
De sentir qualquer coisa
Tenho que pesar e medir
Sentimentos
Preocupações
E tristezas

Foi um amigo que me disse
Tantas pílulas para alguém tão moço
Ah! Carlos sem elas eu não duro!
Antes mazelas hepáticas do amanhã
Que minha ausência da vida no hoje

As vezes dou gargalhas
De meus planos antigos de envelhecer

A criança da casa da Getulio Vargas
Que temia os cortejos fúnebres
Que passavam à sua porta
Nunca imaginou que temeria a causa
E não àqueles que eram levados pela multidão

Na porta da
Minha antiga casa
Passa a vida
A vida passa

Ah! que saudade das madrugadas
Que eu era acordado pelo ronco
Do motor do Jaicoense

Rey Mendes Rey Mendes Autor
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