Poesia

CADÁVER DELICADO


Nem parece meu aniversário
Passei o dia sozinho
E dessa vez queria ter alguém
Para compartilhar comigo
A trajetória elíptica completada

Talvez comemorem mais meu ultimo dia
Que todos os dias que passei ainda com vida
Talvez saudem-me na minha horizontalidade
Mais do que na verticalidade de hoje

Hoje pela manhã
Se eu fosse surealista
Teria tomado xicaras e mais xicaras
De lições de como conduzir-me
De como trabalhar feito um chucro
Unicamente para adoecer do trabalho
E ter dinheiro pra me tratar desse mal

Ah! Sociedade mordena
O sangue de aço e combustiveis fósseis
Nas veias dos humanos petrificados
Bestializados pelo concreto das cidades

A beira da lagoa sem nome
Do cacimbão de aguas geladas
A erva molhada pelo orvalho
A beira do eterno borrocão
Dos tijolos enfileirados

Uma criança brinca
Entredida com a novidade
Dos seus sentidos

Sejas feliz até perceberes
Que tudo isso passa
Não é o tempo que te faz eterno
Mas tuas lembranças

Rey Mendes Rey Mendes Autor
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