Cocorococó, ai, ai, ai!
Eu sou um galo da paz,
Da raça dos galos de briga.
Sou o filho da dor:
Dor de bater nos amigos,
Dor de apanhar dos semelhantes,
Dor da ferida aberta e profunda,
Dor da cicatrização sem pontos,
Da bicada do bico amolado,
Do esporão de ponta afiada,
Do meu dono que me maltrata,
Que despreza a minha vida
Nas lutas sem sentido das rinhas.
Ah, Anjo Protetor dos animais!
Não te esqueças dos da cidade,
Desce voando aí do Céu Verde,
Vem ao Coliseu das frustrações,
Soprar nos ouvidos da insanidade
A cura deste desvio de conduta
Alimentado pela indefesa dor alheia:
Um divã Freudiano de veludo,
Um cofre com segredo digital,
Para guardar a vergonha coletiva
Da prática cruel das brigas de galo.
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