Nas atuais falsas ausências, os olhares não se alternam. Os sorrisos são os mesmos, estagnados com aparência de “boca escancarada” feliz de vida; muitos pretendentes, dentes com mordeduras de brancuras virtuais. Procuro discernimentos em almas postadas ante cúmplices espelhos, não os vejo: soçobram nádegas, peitos, músculos, vinhos, falos... Diferentes Édens, nesgas em guetos, para deuses cada vez mais diversos: priápicos, informáticos, midiáticos,... Panteão lunático adornado com regentes de (in)fortúnio passageiro.
Entre vistas e visitas, descanso; pouco evoluo, concluo: nunca navegaremos neste universo sem um deus intermediador; onipresença (in)restrita aos que buscam novos céus. Céus cada vez mais inflamáveis com conceitos e formas deterioradas; pintura sem poesia, poesia sem rima, rima sem contexto,... Arranjos sem contrabaixo, sem senso, sem consenso... Fragmentos (i)núteis, incendiários para mentes ressequidas sem a neblina do discernimento; mentes estagnadas, amparadas pelos corrimões que as levam ao nada.
Libélulas do futuro em casulos de ostracismo aguardando as muletas mentais das inutilidades do passado.
Sobre novas águas, novas naus, novos argonautas, antigos ensinamentos... Ainda procuro aprender a manipular o remo na correnteza que não me levará ao manso regato; fuga constante do ancoradouro do porto seguro – para o desassossego não bastam os sonhos para aportar. Nestas águas, talvez, com sua onipresença, encontre um novo deus virtual fugindo das reivindicações de homem; antigo rosário de lamentações para passageiras atribulações: falsas passeatas, indomáveis beatas, impalpáveis internautas...
E ante novas telas, minha escassez cefálica vai contornando a (in)sensatez; sigo outras naus! Novos aprendizes rumo ao transcendental: loucos/lúcidos, (des)ocupados, (des)informados, loteadores de céu, pagadores de promessa... Cordeiros e lobos, condenadores e sacrificados jurando sobre a mesma capa, desentendimento sobre as mesmas páginas... Aclamação ao mais vistoso, condenação ao desolado, pássaro isolado de pássaros vigiados pelos rastejadores de toga nas tocas dos bons costumes... Necessitados sobrepujados sobre os despojos da plebe rude.
Enfim, busca de deuses diferentes para um mesmo fim!
Ao remar, teclar, tocar, manusear esta nova fonte de sofreguidão em busca de novos olhares, descubro que ainda carrego o odor de antigas ilusões: o toque de peles, de almas, de paixões... E assim, nunca me darei por vencido na sangria do calo – intempérie da vida.
Vivo o momento da reflexão sublime no aconchego da nudez do silêncio, não mais perto das partituras de louvor a uma fé cega indomável. Longe gritam os metais de aclamação, os gritos ainda hodiernos e medievais em luta contra os demônios... Há muito, reflito-me ante ao olhar da inocência do bruto; compartilho-o! Este – entre sobrevivência e desentendimento – apenas observa a conduta de homens.
E nessa Nova Era, vivendo nos casulos de incertezas virtuais, seguimos sem a presença do cheiro de vida e morte!