É, cansei de escrever sobre a vida,
sobre as saudades, sobre paixões e amores,
pessoas, experiências, ilusões até.
Cansei de ver em tudo poesia, ver em tudo você.
Cansei de viver um vazio, uma estrada vazia,
cansei de ver um céu limpo, uma estrada onde não há movimento,
cansei de viver a existência de meus antagônicos desejos,
de usar uma alegria sórdida ao pensar que todos ou você poderia ser melhor.
Cansei de relutar em vão, pois se vence uma batalha e não uma guerra.
Busquei força onde não tinha, coragem onde só restava medo,
de repente me cansei de tudo, até de tentar levar o futuro lado a lado,
mas que severo destino.
É, cansei de escrever sobre derrotas,
e muito mais sobre vitórias, mas que vitórias?
Cansei de me decifrar, de saber quem sou, com quem vou e estou,
afinal não se importam.
Só me digas com quem andas que te direi quem és.
Mas todos somos distintos, não?
Cansei de me extinguir, porque de um jeito ou de outro,
pós-morte e em vida, pessoas sempre se esquecem de pessoas.
Cansei de transcrever o que sinto.
Por isso, não escrevo mais na emoção de um tempo momentâneo,
na incerteza de um amor e ódio adversos,
cansei disso, de causar os mesmos erros.
Cansei de me enganar a respeito de algumas pessoas.
Mediante a tudo cansei, cansei e cansei.
Agora prefiro me retirar, cansei de pessoas rasas, que transbordam apenas ar.
Até as mais profundas as vezes estão cheias.
Preciso de tempo pra descansar. Afinal, a vida não foi feita pra covardes.