São seis horas da manhã e em mim a relutância de acordar... De sair do meu estado de conformidade, da minha cama. É tanta aflição num misto de desespero que me nego a sair de meus lençóis... Mas, a rotina sou obrigada a cumprir a finco. A vida nada mais é do que um teatro forçado, no qual me vejo todos os dias obrigada a encenar o que eu não quero. Uma narração que eu desconheço... Contraceno e não sei o final. Finjo amores, supero horrores, enfraqueço e choro... Tudo em maldito palco com uma enorme plateia e caso fraqueje sou vaiada como em qualquer outro espetáculo. Pessoas entram e saem... Névoa, sombra, clara e escuridão... Territórios diferentes com angústias diferentes. E se a vida tiver cor para mim eu realmente desconheço. Eu lido com o silêncio dos desconhecidos e com o meu silêncio... E crio uma canção e danço sozinha. Mas, sem mais pensamentos... Tenho que cumprir com minha rotina. O lençol desce devagar pelo corpo, deixando um pouco das minhas pernas brancas expostas... A camisola preta e o cabelo loiro espalhado pelo travesseiro verde com flores. E mais um café da manhã com a toalha da mesa bagunçada e mais livros... Um quarto bagunçando com uma vida bagunçada com sentimentos conturbados e uma maquiagem mal feita.