Vou sozinho pelas ruas
negras do asfalto
pela cidade frita
Vou sozinho
na frigideira dos dias
Vou sozinho pelas teias
da aranha que faz a hora
nos olhos dos que ficaram
nos olhos da menina
que tece as rugas
na fuga do tempo
por entre os cabelos
Vou sozinho
entre espinhos
e nuvens de algodão
Vou sozinho no amargodoce
do coração
beijando faces ocultas
Vou sozinho a pé
por terra ou pelo rio
O velho rio
que corre em mim
Vou sozinho pleno
até o fim