Em tua existência
habita um completo tu,
mas na minha
há apenas metade de mim.
Na tua vida tens bons dias,
tardes e noites...
Na minha,
apenas aqueles mais amenos.
Metáforas sem sentido?
Hipérboles melancólicas?
De minha mente saio à cena
que lá fora me aguarda.
Mas entre o excêntrico e o normal ,
num paradoxo tão sem sal,
me percebo não igual.
E se escrevendo tento alívio,
pra unidade que eu sou,
deturpar o português,
já me traz até sabor.
E nessas rimas sem sintaxe,
cabe até prosopopeia,
ao dizer que meu tarja preta,
canta-me à noite a aquarela.