Poesia

Correnteza do tempo

O rio, assim como o tempo, não retrocede.
A vida também não para. É rio sem saída.
Deságua no vazio. Oceano de reticências...
Rio é tempo caudaloso. Banha feridas,
não envelhece e não chora. Derrama.
O rio do tempo não comporta margens
porque é grandeza que não se apropria.
Não cabe nos ponteiros de um relógio,
nem aceita a prisão dos minutos.
Seu espaço é a história. Seu curso, as gerações.
O rio do meu tempo hoje corre sereno.
Seu destino se confunde com a própria correnteza
Nenhuma enchente à vista. Apenas cumpre seu ciclo,
sem mais afogar etapas na pressa da ilusão
e matando a sede da alma com a doçura da sua água.




Pedro L R Pereira Pedro L R Pereira Autor
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