Um chiado entra pela fechadura da porta. Ali permanece. Barulho de água ecoa pelos ouvidos, toca os tímpanos e se extingue. Nada mais é que o ar condicionado que fala insistentemente ao silêncio de vozes humanas. Tem horas que dá vontade de socar o peito pra ver se a tristeza e a solidão acham uma caixa com um cadeado e de lá não saia nunca mais.
Os dedos que tocam incansavelmente uma melodia nas paredes: O mindinho, o maior de todos, o polegar. Assim, nesta ordem, várias vezes, até formar uma sinfonia que só você mesmo entende o ritmo. E assim resvala-se o dia, arrastado, sem emoção, com comoção.
Cadê os sorrisos que incendiaram esta cama durante noites? Cadê a tv ligada no canal de filmes de guerreiros com suas amadas? Silêncio. Não há mais sorrisos, não há mais abraços, não há mais filmes, nem histórias. Há o barulho da água e o chiado do ar condicionado que gela e congela ainda mais o coração. Que esfria a noite e esfria também os sentimentos.
Corri pro dicionário pra encontrar a mais bela palavra, com o mais belo significado pra te enviar uma mensagem e dizer que sinto tua falta. Diante dos meus olhos, um dicionário inteiro, e apenas uma palavra: Saudade.