Amanheço ciscando igual bípede sobre o lume desprezível
Nas catedrais de fé deuses diferentes me chamam para orar
Digo não! Não sou mais servo submisso do sagrado servilismo
Ainda me nego a ser degolado pelas cegas lâminas de varias razões
Sem me expor ao asno e ao espasmo de enlouquecidas doutrinações
- Fartos abatedouros sob o teto dos carrascos duma verdade absoluta
E enquanto cisco a tênue terra explorada com o senso comum
Degusto gotas d’água que despencam de árvores quase invisíveis
Do plantio dos panteões trancafiado nos céus de intransigência
Ainda “bicho-pena” e lardeado por altares de templos raivosos
Consumo-me na contemplação da natureza que se consome
Na palidez do ciclo de reciclagem na luta da doma do bicho homem
Quem sabe, algum dia, amanhecerei regando nuvens com asas de águia!