Poesia

A doma do bicho homem

Amanheço ciscando igual bípede sobre o lume desprezível
Nas catedrais de fé deuses diferentes me chamam para orar
Digo não! Não sou mais servo submisso do sagrado servilismo

Ainda me nego a ser degolado pelas cegas lâminas de varias razões
Sem me expor ao asno e ao espasmo de enlouquecidas doutrinações
- Fartos abatedouros sob o teto dos carrascos duma verdade absoluta

E enquanto cisco a tênue terra explorada com o senso comum
Degusto gotas d’água que despencam de árvores quase invisíveis
Do plantio dos panteões trancafiado nos céus de intransigência

Ainda “bicho-pena” e lardeado por altares de templos raivosos
Consumo-me na contemplação da natureza que se consome
Na palidez do ciclo de reciclagem na luta da doma do bicho homem

Quem sabe, algum dia, amanhecerei regando nuvens com asas de águia!

Kal Angelus Kal Angelus Autor
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