Poesia

No chão rachado da minha boca

No chão rachado
Da minha boca
Há tempos não cai chuva dos seus beijos

E nas tardes quentes
Desse sertão de meu Deus
Me falta água
Me falta comida
Me falta você

No açude dos meus desejos
A água está acabando
Toda noite eu rezo de joelhos
Pra que a estiagem de solidão esteja passando

Aqui não tem inverno
É só verão
Um sol de tristeza eterno
Castigando o meu coração
Nenhuma gota da tua presença
Para salvar a minha plantação

Eu fiz uma promessa
Para que chegue um mormaço do teu amor
Ai eu levantei a cabeça
E pouco depois você despontou
E eu enchi de paixão a minha cabaça
E a esperança voltou

Tudo estava tão seco e cinzento
E você deixou de novo verdinho
Eu comparo o meu lamento
Com o sofrimento do nordestino


Joel Sena

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