Não sei o que me padece,
Os dedos tropeçam frente à escrita,
As linhas aparecem turvas,
E a mão paralisa frente ao papel.
Às palavras, ordem não há,
Dançam baratinadas, desencontradas,
Vagando na imensidão do pensar,
Sem tinta, nem escrita que as defina.
Talvez seja presença de alguma doença,
Quem sabe Mal de Alzheimer,
ou quem sabe só outro mal de ausência:
mais uma vez meu desejo vacila em se abster
na vã busca da prevenção aos males
que a exposição prolongada a ti me causa
Eis que fico na incerteza de saber se saudável é ter
A cura sórdida para uma mente sem lembranças
Ou a febril contaminação por tuas carícias.
O problema é que a cura afeta a poética de ser,
É preciso pulsar por tuas rimas para as palavras formar,
E os antígenos contra o Alzheimer de meus versos
Só encontro na tua virulenta presença.
Hei de então permanecer ao sabor dos males de sua essência
Em prol dos benefícios contra sua ausência
para que possa bailar as letras de meu querer
e retomar as rimas às linhas de seu ser.
Suzianne Santos