Ao Poeta João Carvalho
A poesia não resolve:
Ela se dissolve,
Antes mesmo que se elabore a intenção da dúvida.
A poesia também não serve,
Na verdade ela ferve,
Rompendo a superfície intacta do vão firmamento.
Um cadáver no meio do caminho ou uma pedra,
Não importa: a poesia já é morta quando o sujeito insano,
Lança-lhe a cobiça do desejo.
Ainda há quem acredite que a poesia redime,
Mas ela apenas oprime ao impaciente espectador.
Doa o teu encanto sem pretensão e aceita a poesia como ela é:
Sem adornos ou molduras.
Completa a poesia imperfeita
(desfaz a que se diz acabada).
Vai: o poeta espera de ti.
Não assiste atônito ao desfecho da lira.
Dobra a página e segue na vida !