A imagem não fala. Berra!
Grita! Geme!
Sob a sombra alugada de uma lona de plástico
Na fria solidão da U.T.I de uma calçada
o retrato do abandono
Deus,meu Deus,
porque me abandonaste?
“ Tiraste-me a cama, o sabonete e a esperança
Deixaste-me só com o corpo agonizando em pele retalhada
e olhos de tristeza, acesos como um sol sem brilho
que expõem aos passantes a morte da minha resistência
Deus, meu Deus,
não rogo piedade!”
Socorro! Há um astro apartado.
Sozinho, tombado , perdido. Morrendo!
À beira do caminho. À margem da estrada.
Que passa e não olha. Que vê e não chora.
Um cão por confidente, duas mãos somente e a indiferença do mundo.
Deus, meu Deus,
em que estrela tu te escondes?