Poesia

No meu altar

Não rejeito a “ecclesia cathedralis”
Mas só comungo a hóstia redentora
Na penitência dos meus quintais;

Ao homem, percursos acidentais!

A minha cruz dos condenados
Nunca ofertarei a ninguém,
Não crucifico os crucificados;

Ao destino, ventos dobrados!

Sou do baixo-clero e do hilário;
Nunca quis anáguas de seda
Nem guardo toga no armário;

Às conquistas, o lado contrário!

Sou indecente aos seus olhos
Porque sou palavra nua saltitante
Sob a chuva e sem agasalhos;

Às decepções, outros assoalhos!

Sou carne sobre barro, serei pó!
Sou porta que teima fechar tarde
Para desatar o meu último nó;

Ao recomeço, nova vida sem dó!

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Se tu tens pecados a pagar
E temes um Deus raivoso,
Não reze no meu altar;

Aqui, teu Deus nunca estará...!

Kal Angelus Kal Angelus Autor
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