Luz
De apagar escuro
De acenar um porto
(Canto de sereia inverso)
Mas se mira os olhos do navegador
Desfaz a guia e cega
Claridade magnética suga
Planetas-insetos
À órbita de uma estrela fria
Mar
De seguir viagem, navegar
Vislumbrando continentes impalpáveis
Universo submerso de onde insurge um canto
De sereia aos navegantes, já distantes
Dos faróis do porto
Que perdem se do Norte, em rumo torto
E presos pelo fado do naufrágio, bebem doce morte:
Deixam-se levar azul adentro pela água fria
Por sobre o mar, a luz reflete o azul
Tornando o mar também azul, mera miragem
Por sobre o mar o mesmo céu de cujo ventre
Vi derramar anjos cadentes
Trazendo em si divinas dádivas
Dadas às dádivas da carne
E desse amálgama vi teu corpo despertar