Nos dias inférteis, cansei...! Ainda não me refiz da palidez do tempo pela falta do teu sorriso. Continuo esbarrando ante a porta que me convida, a cada manhã, para um novo amanhecer. Tudo pede para ser como antes, mas sinto-me cansado, enervado pela ociosidade da falta de lábios carentes.
Vivo rebelde na minha própria covardia; sofrível atitude dos que desistem da escalada de sentir o sabor de sofrer por amor. À minha frente, vislumbro a algazarra dos primeiros beijos, distante dos moinhos do tempo, girando na sofreguidão das águas de ilusão... Revejo na euforia dos imberbes um antigo retrato perdido no indomável tempo. Já não tenho o mesmo cheiro, o mesmo semblante... Já não sorrio na aurora de tempos antigos de sonho!
Na minha estrada sempre haverá volta sem recomeço; deixarei apenas pegadas de quem teima ressuscitar um passado de fantasmas febris... Hoje, meros espectros das minhas verdades tentando se esconder dos infortúnios da ilusão. A mesma volta, a mesma estrada, nunca os mesmos passos... Apenas lembranças de rostos nos lagos sem vida, ladeando uma peregrinação de dor!
Um horizonte vai se perdendo a cada dia, com suas arestas de lembrança de um rosto que se confunde no imaginável de um passado perdido. Já não somos o ontem, já não vivemos o hoje, já não temos a incerteza do amanhã... Somos apenas fagulhas de uma denso clamor em chama: lembrar para não sofrer a ausência dos que nunca morrerão por amor.
Podemos então, em qualquer vácuo das nossas vidas, afirmar: vale a pena sofrer por amor!