“...sob o peso dessa palha / na consciência / sob a dor desta ferida / no seu sono sonolência / dorme o homem de cortiça...” (Mario Chamie)
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Acorda homem de glória morta
Que sonolento vive e sonha vazio:
Resolva a hora da terra de estio
Neste vazio que cedo te suporta;
Desperta na vida que dunas duram
Sob antigas adormecidas areias:
Revolva o tempo que tu semeias
Nestas areias que tarde perduram;
Vai longe o teu tempo rupreste
De histórias de retóricas vidas:
Remova os esmaltes das feridas
Nesta vida que adormece agreste;
Ainda perdura o mal que não dorme
Sobre o concreto sobrepondo palhas:
Revire os ossos nas covas falhas
Nas palhas que agasalham o disforme
Não prolongue a dura hora de choça
Da glória morta que te suporta:
Remexa antigas dores à porta
Nesta suposta vida de roça;
Acorda "homem de cortiça..."!