Poesia

Ante a nudez da tua alma

Não que eu não quisesse te rever agora, sentir novamente o hálito de tuas antigas palavras amorosas; sem tentar esconder-me do brilho dos teus olhos em fogo, mesmo sabendo que minha derrota ante a nudez da tua alma é sempre inevitável.

Esta é a nudez d`uma batalha que me perturba neste campo de sedentos casulos e vontades arfantes: o querer constante do gozo de instantes passageiros em confronto com a entrega da alma!

Ante a ti, sou libélula sem força, mente subjugada... Vivo sem saber se vale a pena morrer procurando outros abraços.

Vou seguindo nesta minha luta vã de toda manhã: lutar para não mais fugir da revolta de não mais te querer, e viver a maestria dos últimos cavaleiros abatidos: supremos na arte de morrer por amor!

Mas teimo cavalgar em terras distantes, mesmo sabendo que na última batalha o retorno será inevitável; revolta da minha constante entrega desnuda de paixões efêmeras, com as últimas forças se entregando sob teus lençóis....

E quais e quantos nessa luta não padecem e não sofreram nas fugas inevitáveis do amor.Antes, apolos imberbes sonhadores; hoje, apenas lembranças sofríveis de vulcanos moderadores de suas antigas dores.

Esse é o rodízio incessante de corações aflitos, entre as incertezas da bruma da noite. Eternas colunas de dor quebrando o véu estável... Formatação dos instantes de ausência, querendo salvar novos anseios. Assim teimo na busca do recomeço de ultrapassadas formas de amar, quedando antigas bastilhas de solidão....

Apenas escombros da minha luta nas veleidades do tempo!!

Tento fugir! Anônimo entre rostos anônimos, junção de vidas distintas... peregrinações da busca abraçadas a outros braços. Corações solitários enraizados na teimosia constante da busca incessante de amar, amar, amar... O instante do viver inconstante, preenchendo lacunas do medo de sonhar, preso na ânsia do futuro que já se foi...

Enquanto o passado pulsa na dor das rugas do tempo!

Em cada esquina, o encontro inevitável – derradeiro!? com uma outra vida que bem poderia ter sida parte dos meus constantes dissabores... Não! Apenas sonhos, quimeras de homens perpetradores das incertezas da alma. Não queria mais viver este último encontro tardio com máscaras de incertezas das formas imperfeitas de carne...

Prefiro a maquilagem salvadora da aparência da alma, borrada, apenas, pelas nossas angústias!

Tentaremos ser o reencontro perfeito desigual, sob a raivosidade do moinho do tempo. A essência da continuidade da vida na esperança desses remotos olhares - sempre tardios; porque o tempo é dono das verdades e veleidades de nossas vidas... Vidas efêmeras, almas errantes... amantes eternas de sofridas palavras.

Enquanto tu não vens e não crias formas palpáveis para o amor, vou ao reencontro de velhos encontros... Antigos cobertores de angústias passageiras, cheirosos, carnais, virtuais!

Entrego-me! Deito minha busca no consolo da volta; volto e me agarro, prendo-me... Sufoco-me mais uma vez na entrega aos antigos lençóis: Carentes de meus gozos efêmeros...!

Kal Angelus Kal Angelus Autor
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