Estribo enferrujado,
Sujo de poeira,
Um vaqueiro sem trabalho
Com o fim do boi campeiro.
Vive hoje lá na roça,
Acorda antes do dia clarear.
De cócoras esquece a vida,
Espera a miséria passar.
A velhice, uma esperança
De aposentar-se no Funrural,
Que quebrou a previdência
Sem sequer nos fazer mal.
Não importa mais a saúde,
Perdida na desnutrição.
Oh! tempo de labuta primitiva,
Uma insegurança com razão.
A barriga meio vazia,
O neto chorando de fome,
A capacidade do nada fazer.
Apenas esperar, esperar, esperar.
Ilustração Moisés Martírios