"À morte peço a paz farto de tudo, / de ver talento a mendigar o pão, /e o oco abonitado e farfalhudo, / e a pura fé rasgada na traição,. . . (William Shakespeare, in "Sonetos (66)"
"...O bicho não era um cão, / Não era um gato, / Não era um rato. / O bicho, meu Deus, era um homem". (Manuel Bandeira, Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 1947
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Tô cheio de vozes sem leitura,
Músculos sem cultura
E slogan de bem viver nos murais;
Tô farto de tantos suplementos,
Famosos sem argumentos
E clichês de falsos jornais;
Tô farto da maluca vida dura,
Da morte sem candura
E demagogia dos funerais;
Mas em meio a tanta fartura,
Uma página minha vida sutura
Sem falar de vendavais;
“Criança é salva por catador de latinha"
Perdida esperança que nada tinha
Resurgindo nas mãos dos anormais.