Poesia

Eu e minha cidade

Sim, sou de Teresina.
Um homem tipicamente urbano
Da cidade, do cinema, dos acontecimentos.
Mas de acontecimentos publicados nos jornais e não na internet
Essa velocidade instantânea eu não acompanho. Passo!
Há que ter pausa para o ócio e para a novela

Sou da cidade dos vizinhos, dos becos e das quintas
Cada quinta um latifúndio do tamanho do Maracanã
Dos trotes inofensivos e das serestas inebriadas
As cidades apressadas demais me assustam
Teresina me assusta! Pego-me com medo, muitas vezes.
Medo da moto, medo do trabalhador que descansa na sombra da minha calçada. Medo da minha sombra, medo de amar meus conterrâneos.
O medo é devorador dos sonhos.

Minha urbanidade é dos encontros sem hora marcada
E sem pressa de voltar, eternizando o presente
Teresina anda com muita pressa. Onde vais com tanta pressa, ó minha cidade?
É preciso ter tempo para perder. Com a conversa fiada, com as lembranças do passado, com o jogo de dama, com as mentiras bem contadas.

E eu também, que ando sempre de cabeça baixa procurando meus pensamentos, preciso prestar mais atenção na minha cidade.
Por baixo da capa de concreto cinza que a cobre existe uma infinidade de pares de olhos a me observar. É preciso olhar para esses olhares.
Senão a cidade me expulsa como um estrangeiro indesejável.
E eu vou ter que morar dentro da minha poesia

Pedro L R Pereira Pedro L R Pereira Autor
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