Poesia

Que tragédia! Sou poeta...

Que tragédia! Sou poeta...

Que tragédia essa minha, sou poeta...
Tudo é mais intenso,
as lágrimas do porvir
ao invés de serem poços,
são mares de destroços.

Que tragédia essa minha, sou poeta...
O pesar de alguns dias
são anos de horror
nas cirandas da tristeza,
nos pactos do amor.

Que tragédia essa minha, sou poeta...
Tudo triplica, tudo multiplica
e ultrapassa a fortaleza,
põe dúvida, tira a certeza.

Que tragédia essa minha, sou poeta...
O que era brisa se findou,
balançou cabelos,
e agora, sem cessar :
tempestades, pesadelo!

Que tragédia essa minha, sou poeta...
A pior das essências,
de todas, a mais tirana.
Que faz a gente sofrer
e torna a vida insana.

Que tragédia essa minha, sou poeta...
O sentir é sem igual,
a dor que nos outros morre
no poeta é imortal.

Que tragédia essa minha, sou poeta...

Werton Fonseca Werton Fonseca Autor
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