Quem pintou o amor dessa menina
Com a cor da água?
Quem moldou com o barro da loucura
Sua forma?
Que lhe viu chorar borrando a maquiagem
No espelho?
Que ouviu quedar a voz
Do seu segredo?
Seu destino, seu degredo
É migrar sem bando
Passarinho extraviado
Preso para sempre ao duro fado
De ser livre
Quem tocou à dança da serpente
No seu ventre?
E quem guardou sob os seus pêlos
Seu desejo?
Quem subverteu seus fusos e apetites?
E escoltou sua rota
Na fuga de casa?
E quem traçou em branco
O seu sobrenome?