Poesia

De cara

Qualquer vestígio de futuro me apavora
Qualquer sombra de passado me devora
Do meu relógio já sem hora
Da minha vida sem aurora
Da minha rima pobre, ora!
Do meu desfecho sou senhora.

Sabe a mulher no corpo da menina
Que a vida já traçou a sina
Desde o dia vinte e três
À gosto, sem desgosto
O destino já se fez
A dor é minha!
E pronto, ponto. Outra linha.

Às vezes bela
Às vezes torta
Sei que tudo me comporta
Sei que nada me conforta
Se o disforme é minha tara,
Pouco importa!
Quero a bala que dispara
Quero a força que me para
Quero o que me desampara.
E se a palavra já é rara
Se é pra fazer poesia
Que ela tenha a minha cara.

Clara Mello Clara Mello Autor
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