Poesia

A Dança da Chuva

Uma geração em diáspora
prenunciando frigideiras dos velhos dragões
que ainda vivem de dentes bélicos
e olhos maquiavélicos
puxando correntes zoológicas
por trás de nuvens
numa atmosfera industrializada
quando duendes coloniais
de outras galáxias egocêntricas
explodem as notas musicais
no eco de ouvidos sem tímpanos

Cabeças ocas
mobilizam as múmias
apátridas da linguagem
e a epidemia conspira
contra seus próprios micróbios
quando endromedários encharcados
pelas bombas de nuvens sombrias
não estalam na rouquidão do tempo

E o amendoim cresce
na fazenda agreste
do último dos moicanos
regado pelo suor da chuva
no calvário da noite

Os que não protestavam
hoje são protestantes
e a música asfixia as metáforas
de uma raiz messiância
na escada confusa das mentes
por onde fogem as formigas
num vai-e-vem
antes que o vírus avance

Ó Deus!
Salvai este mundo
da chuva que dança...

Hélio S Pereira Hélio S Pereira Autor
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