Poesia

Canastrão e Ana Cotilha

 Canastrão e Ana Cotilha

Correndo risco de ser ferido o esperto canastrão sai na rua.
Entrevado nas suas pernas tortas e no seu olhar engatilhado ele mira.
Arruaceiro e depravado, foi contratado para matar.
Olhou as curvas de Ana Cotilha e desatou a desarmar.
O primeiro encontro foi num bar, sujo, velho e desgraçado.
Os olhos dela, o sorriso dele, as mãos e a cerveja barata brigavam por um lugar.
No segundo encontro eles se amaram.
A pele dela, os pelos dele, a cortina branca, os gemidos, os sussurros e os odores.
No terceiro encontro , cheio de coragem , ele contou que foi pago pra matar.
Mas ela era mais esperta e tirou a arma da mochila velha e atirou.
Ele sangrava e ela olhava.
Ele chorava e ela sorria.
Canastrão ficou no chão, largado, e pra piorar, as baratas o comiam.
Ele acordou atordoado ,sujo e sem entender onde estava e nem em que tempo estava, mas mesmo assim, ela estava lá.
E eles continuaram seus encontros nos lugares mais escuros, profanos e sujos
Aqueles lugares onde ninguém pousaria para atormentar.
O corpo dele, a pele dela, o suor salgado, o perfume de prazer, as mãos, os toques, os pelos, a boca na pele e os sussurros
Se perdendo na desgraça do prazer sem limites e era isso que eles queriam e nada mais importava.

Jad Fernandes Jad Fernandes Autor
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