Poesia

Alta estrada

Como quem encontra
a saída da cripta,
cresço no fogo e no ar,
forjando o tempo,
no tempo onde o tempo tinha tempo
de esculpir e encarnar
o que antes
cuspia e escarrava,
até que fossem expulsos da garganta
os resquícios mais mundanos.

Respiro fundo e por um instante
sinto fortes pulsações
na fração suspensa do tempo parado.

Meus devaneios são protegidos por uma cortina de pó
no exato instante em que
toda a literatura do mundo
parece um pé na estrada
ou um uivo distante.

Na dúvida, botei um disco de Bob Dylan
para atrair as madalenas do deserto.

Nathan Sousa Nathan Sousa Autor
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