Poesia

Pretensão

Na Praça Demóstenes Avelino
disparei um eu te amo
sem perceber que a palavra atira flechas
com pretensa ânsia de encontrar seu ponto atroz.

Minha expressão não era fugaz,
mas entorpeceu meus desejos,
sabores
e dissabores,
para que eu pudesse comungar com a tua natureza.

Tua natureza e teu martírio encantaram-me
quando percebi que nada passa de poeira universal.

Daí remeteram-me ao pó, e, deste, não sei se vou voltar,
mas o que sei é que disparei as palavras contra o nada,
tresloucadas.

Libertas pelas noites,
minhas palavras dormem
e nem sempre são despertas
(toda vez que vou ao centro da cidade
dou de cara com elas
na Praça do Fripisa)

Nathan Sousa Nathan Sousa Autor
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