Devagar, devagar, sempre devagar,
A confiança na blindagem do casco
Que o protege do predador bicho
Faz o jabuti andar sem pressa.
Ante o perigo, a cabeça dentro de casa.
Protegido pelo abrigo quase atômico,
Seguro e pacientemente estacionado,
Aguarda vencer o agressor na espera.
Mas a ameaça do homo sapiens
Vem de onde sua vista não consegue ver,
Assombra no cheiro da mata ardendo
E no pipocar da taboca-de-macaco queimando.
É o fogo que se esconde na fumaça,
Que faz acelerar o frio coração do jabuti,
Mas nem o medo apressa suas pernas pequenas,
Que seguem na direção oposta ao fogo.
No trajeto, torce pro vento soprar pra longe
A ameaça quente, provocada e mortal,
Fruto dos tempos atuais de impunidade
Do predador nascido da involução da espécie.
E a família dos geochelone denticulata
Aguarda com pressa a mutação genética
Que alongará suas curtas pernas,
Assegurando, na fuga, a perpetuação.
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