ANTES DA HORA
Só desejo silenciosamente que possam ver linda a aurora,
Dessa longa noite incessante e pálida que foi escurecida,
Impaciente demais nessas sombras vai antes da hora,
No crepúsculo que descansa a sede da existência na vida.
Oculto o desinteresse nessas madrugadas e o desalento,
No declínio frio de minha tristeza que tece a apatia,
Dos desafios incoerentes dos lamentos da vida que atento,
Na desesperança inconseqüente que se respira num dia.
Tudo se fez na inércia e no silêncio desse momento,
O acúmulo falso dos planos declinados e desfeitos,
Na menopausa que é espelho vil do pensamento,
No próprio desencanto contraditório e inquieto do leito,
Que são descanso e impulso da solidão no medo,
Do triste amanhã insensível que a alvorada assistiu e se vai.