Uma noite perdida, afinal
Um luar não visto, enfim
Momentos não vividos, que luau
Nós dois, juntos, assim.
Uma esperança na porta
Ao passar, meio sem graça
Imagem rápida, quase torta
À solidão, uma leve ameaça.
Sorrisos forçados e clamativos
Gestos tentadores e insignificantes
Forma de, talvez, chamar a atenção
E pedir tua admiração d’antes.
Mas tua astúcia me agride
Faz eu me sentir esquecida
Em sua distância ainda me proíbe
Ser só tua, na minha vida.
Nos meus aposentos, recordei-te
Fitando meus olhos no meu sentimento
Logo após tal lembrança, deitei-me
E fui beijada e ninada pelo vento
Que adentrava pela janela sem timidez
Refrescando a face cansada
Esvoaçando meus pertences mais leves
Descobrindo minha escondida e total nudez.
Mas nem tudo está perdido, somente esta noite
Onde vagam, à tua busca, minh’alma adormecida
Sem temor de qualquer inesperado açoite
Junto com minha paixão enrustida.
Tantos beijos poderíamos ter nos dado
Abraços, fungados apertados
Talvez tivéssemos ficado nus
E feito amor sem pressa, sem lembrar dos passados.
Tivéssemos nos amado como a primeira vez
Sem medo, com calma e sentimento,
Mas não há mais “nós”, só eu, você, sem talvez.