Poesia

O vento

Não te vejo, só te sinto
Por instinto sei quem és
Se te ausentas, te desejo
Se me tocas, cubro os pés

Não te vejo, mas pressinto
Fito o céu em movimento
Se não sopras, para tudo
Fica estático o firmamento

Não te vejo, só te escuto
Absoluto, selvagem
Se te calas, onde andas?
O teu uivo é só coragem

Não te vejo e te respiro
E me inspiro em teu pulsar
Se tu somes, morre o verso
E o universo perde o ar

Não te vejo e sinto o cheiro
Bem ligeiro, som nenhum
O odor chega primeiro
Derradeiro se ouve o pum

Não te vejo e me assanhas
Arranhas mares e rios
Se estás perto o mar estranha
E o deserto fica frio

Não te vejo, quem és tu?
És do sul ou vens do norte?
Levas alto ao urubu
E ao naufrágio leva o bote

Não te vejo e não te esqueço
E peço cada carícia
Se tu negas, chora o corpo
Se te esfregas, que delícia!





Pedro L R Pereira Pedro L R Pereira Autor
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