O passado em minha vida,
é um andar de folhas caídas,
sob zéfiros de angústias que não acalma,
é conter a dor em uma só alma,
de um rebanho, em marcha funérea,
de almas sofridas.
Agora não sei se paro ou se ando,
se morro parado ou andando,
sei bem que o vento que toca,
meu sofrimento ambulante,
faz evaporar do meu eu
um não sei quê de sem motivos,
de viver, de amar, de pensar, de lembrar, até de morrer.
Se o sonho amor é uma vida,
quem já sonhou que amou
é de jeito que não duvida,
que ao despertar do sonho que sonhou,
viu que a vida é um desamor,
e que a morte, por vezes, com muito amor,
consome a vida.
A poesia, melancólica virtude,
que tal qual sol escaldante do meio dia,
é agora contra mim.
A rima já não soa,
e as palavras fogem,
e me desgosto,
posto que seriam as únicas acalantar o que tanto sinto e nada exalo,
pois percebem que no brilho morto do meu olhar
não há absorção da luz que sufoca,
e que na massa cinzenta da minha vida ao morrer,
o impulsos lívidos do meu pensar ainda lembrarão dos beijos teus.
(MarcielBP, Domingos Mourão, abril de 2001).