Poesia

As três caixas

Guardei meus sonhos numa caixa
Para que não perecessem.
Tudo muito embrulhado,
com papel colorido e laço enfeitado.
O sonho de ser escritora, aeromoça, bailarina,
tocar guitarra e ter uma banda só de meninas.
O de pintar um retrato, escrever um livro,
fazer poesia e cantar as alegrias de um dia bonito.

Guardei minhas esperanças numa caixa
Para que não se perdessem
Esperança de um mundo melhor, de ter, pelo menos, um amor verdadeiro na vida.
Ser compreendida, amada e correspondida.
Esperança de ser bem resolvida.

Guardei, também numa caixa, meus medos e temores
Para que eles não me fizessem ter uma vida de horrores.
Medo de não conseguir, medo se ser perseguida,
Rechaçada até ficar doída.
Medo de quebrar a cara, de ser enganada e, depois de tudo,
ficar fechada, emimesmada.

Tranquei todas as caixas,
As chaves, eu guardei.
Talvez um dia talvez precise delas, ainda não sei.
E como na caixa de Pandora,
meus sonhos e esperanças permanecem intactos,
Esperando somente por serem alimentados.

Quanto à caixa de medos, essa joguei-a fora,
No fundão do vale mais distante,
No despenhadeiro da solidão infinita,
No não lugar existido, caminhando por sobre a estrada perdida,
sem rastros que possam ajudar a encontrar a saída.

Só devo crer que deles não preciso mais
Sem medos nem choros,
Sem gritos ou faces de dor.
Agora, em volta de tudo, só Amor.

Denise Veras Denise Veras Autor
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