Poesia

A porta semi-aberta

Quando penso na morte
Penso numa criança de olhos profundos
Olhos de cientista velho, bem velho,
Como se seus olhos tivessem vindo primeiro
Como se seus olhos compreendessem o mundo

Criança que senta ao meu lado
E come algodão-doce
Que rola na lama
Que toca a campainha e corre
Criança que sorri, feliz,
Verdadeiramente feliz.

E a porta entreaberta e a música.
E o cachorro que late inquieto.

As luzes que vejo ao longe
Tornam-se mais que humanas
Neon supra-santificado, apocalíptico
Poesia que se desfaz nas águas turvas
- imagem que se esvai

E a quero bem, como a um pai
E me chama filho.

Manoel Guedes de Almeida
Campina Grande – PB, 19 de dezembro de 2009.

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